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Aquela vez Leonardo tinha tudo para ser diferente das outras. Agente estava mais escolado, sabia um pouco mais do mundo da música. Uns meses antes, num show em Barra do Garça, lá no Mato Grosso, a gente tinha conhecido o Romildo Pereira, que era uma espécie de caçador de talentos da música sertaneja. Ele adorou nós e ficou o tempo todo falando:“Vocês têm que ir para São Paulo, é lá que tudo acontece! Vão logo para São Paulo, seus trouxas!” E deixou um cartão com telefone, prometendo que ia ajudar no que pudesse quando a gente estivesse lá. Pouco antes de viajar para gravar o disco,a gente ligou pro Romildo pedindo ajuda para achar um estúdio. E o Romildo arrumou logo o Gravodisc, que é um dos melhores estúdios para música sertaneja. Todo mundo que era sucesso gravava lá! Acertamos os horários e o doutor Ildemar, que logo depois teve que voltar para Goiânia, disse para a gente ir gravando e para não se preocupar porque ele mandava todo o dinheiro de que a gente precisasse. Olha, não poderia ter sido melhor a nossa decisão! Logo depois, o Romildo chegou dizendo que tinha uma migo dele que a gente precisava conhecer. Era o César Augusto, compositor do Gilliard, da Martinha. Ora, lógico que a gente ia encontrar ele, era só marcar! E aí chegou o César, todo cabeludo. Ele tinha um CorceI GT, um carrão esportivo invocado, com cinco marchas, aquilo impressionou muito a gente. Conversa vai, conversa vem, O Romildo , perguntou :“Ô, César, você não tem uma música pra os meninos, não?” Ele disse que tinha um monte e mostrou uma chamada“Contradições”, dele e da Martinha. Pô, a Martinha era uma cantora famosa, da época da Jovem Guarda! Sucesso. Resolvemos gravar“Contradições”,ainda mais porque tinha uns versos bonitos. São contradições de um amor sem juízo Eu nego e renego, mas sei que preciso Contradições de um amor de verdade que faz da mentira a sinceridade….! O Romildo Pereira como, como ja estava fazendo os trabalhos de Produtor do nosso disco?” Indicou o maestro Otávio Basso, arranjador do Amado Batista. . Bastou eu e o Leandro mostrar para o maestro as músicas, só no violão, ele botou tudo na pauta, fez os arranjos para a gente gravar, Umas coisas lindas de morrer, como tratamento de luxo que a gente nunca teve! Foi impossível não ficar emocionado. logo a seguir gravamos É, daquela vez tinha que acontecer, estava tudo a favor da gente! Felizes da vida, eu e Leandro voltamos para Goiânia com a fitinha do nosso disco e fomos logo mostrar para o nosso povo. Mas ainda faltava o principal: uma gravadora que lançasse o disco. Deixamos afita master em São Paulo como Romildo pereira e ficamos esperando alguma resposta,algum telefonema, telegrama que fosse. Naquela ansiedade total, nós não paramos de cantar nos botecos de Goiânia. em Goiânia, era muito difícil de falar com os diretores de gravadoras de São Paulo. Um mês, dois meses e nada de aparecer um contrato. O doutor Ildemar ligava, perguntava como estava indo a coisa, e a gente sem resposta para dar. No fim das contas, ele resolveu virar nosso sócio. Quando o disco fosse lançado, ele receberia uma porcentagem. Paciência, era o que dava para fazer. Passaram-se uns quatro meses e nada ainda. Meu pai tinha plantado uma roça de arroz e eu estava ajudando ele a carregar os sacos coma colheita num Fusca velho que eu tinha comprado trabalhando na noite. Eu tirava os bancos, botava seis sacos de sessenta quilos cada um e levava pro outro lado do rio. Trabalho estafante,eu não aguentava mais. Num dia desses, como corpo moído de tanto carregar saco de arroz, eu cheguei em casa e, mal desabei na cama, veio a minha irmã, Mariana, dizendo que tinha um telefonema de São Paulo, de uma gravadora chamada 3M. A gente achou aquilo esquisito, porque tinha oferecido a fita do disco para todas as gravadoras em São Paulo, e todas elas, uma por uma, disseram que gostavam muito do nosso disco, mas que estavam com o elenco completo e que não podiam contratar mais ninguém, infelizmente. Agente ficou de saco cheio daquela história pra boi dormir. Mesmo assim, eu liguei de volta e falei como tal do Milton José, que me disse:“Essa é uma gravadora nova, criada pelo pessoal que fabrica fita isolante. Eles têm muito dinheiro. Venham amanhã para conversar, já emitimos um PTA com as passagens.” Eu nunca tinha andado de avião, não sabia o que era PTA, mas descobri que era o vale para pegar o bilhete aéreo e fomos lá. Cagando nas calças só de pensar que, se aquele avião caísse, morria todo mundo. Desembarcamos em São Paulo e não sabíamos o que fazer ou para onde ir. Mas aí apareceu o Romildo Pereira, que levou nós pro escritório da gravadora 3M, uma sala no sexto andar de um prediozinho no Centro. E qual não foi a surpresa da gente de entrar e ver que não tinha nada lá, só um aparelho de som 3 em1 em cima de uma mesa. Muito estranho, muito estranho. Foi aí que apareceu o Moacir Machado, um cara grandão, que era o diretor da gravadora. Ele se apresentou, cheio de mesuras, e pediu para a gente se sentar e mostrar a fita do disco. Foi só começar a ouvir “Contradições”, com aquelas cordas suaves, a voz entrando macia, que ele fez uma cara engraçada e perguntou:“De quem é essa música?”“Da Martinha”, falei. E ele arrematou, sem nem deixar tempo para a gente respirar:“Adoro a Martinha, ela é uma das grandes compositoras da música brasileira. Parabéns, vocês estão contratados.”Assim mesmo, na seca, de uma tacada só. Fiquei bobo, rapaz! No dia seguinte, nós voltamos ao escritório para assinar o contrato.A diversão do Leandro foi mexer comigo só porque eu não sabia o que era uma rubrica! E assim foi. Nosso LP virou o número 001 da 3M. Artistas contratados, faltava a gente se acostumar com aquele mundo novo. Imagina, depois de assinar a papelada, a gente ficou ainda mais um tempo em São Paulo, esperando que a gravadora desse a passagem de volta! Precisou que o Romildo
Pereira, chegasse e dissesse pra gente que ela estava incluída naquele PTA da vinda. Ou seja… justamente naquele papel que eu tinha jogado fora logo depois de chegar! Mais uma vez, o povo fico me sacaneando. Eu, que não sabia que era só pedir para emitir outra via, fiquei apavorado coma possibilidade de não poder voltar para casa. Rapaz, mas depois disso eu tivea minha vingança.A gente voltou para casa morrendo de fome e sem um tostão no bolso. Leandro ficou com medo de comer a comida do serviço de bordo e de passar pelo vexame de não conseguir pagar por ela. Já eu, não quis nem saber e me fartei. O Romildo ,tinha me avisado que era tudo incluído no preço da passagem, só que eu não contei isso para o Leandro. Morri de rir quando aquele caipira metido a engraçado desembarcou em Goiânia roendo pé de cadeira. Nosso disco saiu bonito e começou a tocar bem nas rádios. A gravadora tinha dinheiro e contava com uma equipe grande de divulgadores. Além de “Contradições”, ele também foi sucesso comas músicas “Explosão de desejos”, “Sublime renúncia”e “Muros coloridos”. Nessa época, também começamos a aparecer muito na televisão. A gente era bonitinho, as meninas estavam sempre em cima de nós, era aquela marcação cerrada… que a gente tratava de aproveitar bem! A primeira matéria que saiu com nós dois, numa dessas revistas de fofocas de artistas, chamava a gente de “os novos gatos do sertão”. Vê se pode essa! Agente adorava aquilo. Mas o melhor de tudo é que a agenda de shows ficou cheia e começou a pintar um dinheirinho bom para mandar para casa. O pai,a mãe e os irmãos sentiam falta de nós, mas eles sabiam que a gente estava trabalhando duro para não deixar o sucesso escapar. Aí chegou a hora de gravar o segundo LP. O Zezé Di Camargo chegou um dia lá em casa com uma música que ele tinha feito para o Amado Batista. Era um troço danado de bonito,chamado “Solidão”, foi mais um grande sucesso

Valéria Barros Dedica Homengem á Romildo Pereira

Essa foto já foi postada no Blog,com uma mensagem para “Tigrão” irmão de Valéria Barros.

Homenagem e Palavras de Valéria Barros:

 Hoje postando novamente a mesma foto mas com Homenagem a Romildo Pereira Luz e sua assessora Neusa que infelizmente não está mais conosco, mas foi e continuara sendo muito especial na minha vida, uma amiga inesquecível.

Romildo  foi empresário por 12 anos das Mineirinhas, uma pessoa integra, amavél, respeitado e muito honesto.

Tenho um apreço enorme por esse homem guerreiro de indole e que tenho a honra de ter cuidado de toda minha carreira, devo muito a ele.

Você acaba se traduzindo em carinho, conforto, aconchego, solicitude, amabilidade e todas as demais coisas boas que nos preenchem e motivam para encarar a vida.

     Todas essas coisas importantes parecem estar cada vez mais escassas no nosso dia-a-dia, o que acaba, portanto, valorizando e destacando ainda mais o seu brilho, pois você tem todas essas coisas em qualidade e abundância.

      “As Mineirinhas” Sandra e Valéria  nós estamos realmente gratos por podermos estar ao seu redor, partilhando um pouco da luz e do calor que emanam de você.

     Muito obrigada por ser essa pessoa maravilhosa !!!

 

“Romildo obrigada por tudo, obrigada por ainda continuar fazendo parte da minha vida, pessoas como você não podemos perde-las

 

“Neusa algumas vezes na vida, você encontra uma amiga especial. Alguém que muda sua vida simplesmente por estar nela. Alguém que te faz rir até você não poder mais parar. Alguém que faz você acreditar que realmente tem algo bom no mundo…Saudades de Você!”

@fonte http://valeriabarrosart.blogspot.com.br/2012/08/valeria-barros-dedica-homengem-romildo.html

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